Turistas estrangeiros gastam US$ 2,7 bilhões no Brasil em 7 meses, mostra CNC

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indicam uma retomada no fluxo de turismo internacional com a melhoria da situação da pandemia de Covid-19. Segundo a CNC, com base em informações do Banco Central (BC), de janeiro a julho deste ano, os brasileiros gastaram US$ 7 bilhões em viagens ao exterior, enquanto os estrangeiros que visitaram o Brasil deixaram US$ 2,7 bilhões no país, marcando os melhores resultados desde 2019 para o mesmo período.

O economista da CNC, Fábio Bentes, destaca a importância desses números como indicadores da recuperação do setor turístico. Apenas em agosto, o setor registrou R$ 34,2 bilhões em receitas, um aumento de mais de 20% em relação ao ano passado, já descontando a inflação, representando o melhor desempenho para o mês desde 2016.

“Vários fatores explicam esse crescimento. Um deles é o resgate em relação ao período pré-pandemia, e outro é a demanda reprimida. Além disso, a inflação do setor de serviços começou a ceder. No acumulado de 12 meses, está em 8,5%, abaixo do IPCA”, observa Bentes.

O mês de agosto também registrou um saldo positivo nas vagas formais de trabalho no setor de turismo, com a criação de 23,3 mil empregos, uma tendência observada desde maio de 2021, representando uma recuperação dos empregos perdidos nos primeiros meses da pandemia.

A CNC projeta que, entre setembro e dezembro deste ano, o setor turístico crie mais 158,6 mil vagas, fechando 2022 com um saldo de 309,3 mil empregos, zerando o déficit causado pela Covid-19. Bentes destaca que as contratações devem ocorrer principalmente no segmento cultural, como teatros e cinemas, além de hospedagem e alimentação.

Apesar de ter atingido os níveis pré-pandêmicos e apresentar bons resultados ao longo deste ano, Bentes alerta que o setor pode enfrentar uma desaceleração neste fim de ano. Ele destaca que três produtos essenciais para o turismo tiveram reajustes acima da inflação: passagem aérea, hospedagem e pacotes turísticos, com altas de 75%, 22% e 23%, respectivamente, em comparação com agosto de 2021.

“Por que acima da média? Pode ser um efeito da demanda reprimida e dos empresários tentando recompor um pouco da margem de lucro. A taxa de juros também é importante, pois tudo isso geralmente é financiado pelo consumidor. E os juros estão no patamar mais alto desde abril de 2018”, acrescenta Bentes.